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20/05/2021 - 08:59:14
O QUE ESPERAR DO FUTURO DO TRABALHO

Haverá emprego para todos?

Mundo bancário

As transformações que estão ocorrendo na categoria bancária é um bom exemplo. As operações financeiras estão aumentando fortemente, com o avanço de uma economia sob o domínio das finanças. O trabalho bancário também está em profunda mudança com os avanços tecnológicos e as novas formas de intermediação financeira. Os contratados como bancários estão diminuindo, quase 150 mil postos a menos hoje do que em 2012. Lembrando que quase metade da categoria é de banco público, que é importante na composição total, mas está sob forte ataque e pode ser reduzida se as privatizações avançarem como promete o atual governo.

Enquanto isto, cresceram muito os contratados como não bancários (securitários, trabalhadores de cooperativas de crédito, agentes autônomos, correspondentes, terceirizados e trabalhadores em fintechs), com condições de trabalho inferiores quanto à remuneração, jornada, forma de contratação e representação sindical. No entanto, esses trabalhadores estão majoritariamente inseridos nas cadeias de valor dos próprios bancos do País, seja pelo controle, pela participação acionária direta ou por parcerias. Por exemplo, o salário médio de um trabalhador de cooperativa de crédito é praticamente a metade do recebido por um bancário, e a jornada é de 40h semanais. Um agente autônomo está na total insegurança, pois não tem direitos assegurados. Talvez seja o desenho para a maioria no futuro, se permanecer a atual tendência.

A pandemia tende a acelerar os processos de mudanças, inclusive de racionalização do uso do trabalho e, ao mesmo tempo, vai aprofundar as mudanças na forma de organização da atividade bancária. Por exemplo, o teletrabalho é uma realidade que irá se consolidar para uma parte dos bancários.

Saídas coletivas

Tem saída, sim. A pandemia está mostrando que precisamos de uma sociedade mais coordenada para enfrentar os problemas estruturais e que o Estado precisa recuperar seu protagonismo na construção de saídas coletivas e não de responsabilização de cada indivíduo.

Por exemplo, se o governo nos últimos anos tem desempenhado a função de socorrer recorrentemente o sistema financeiro, porque ele não pode assumir a responsabilidade de garantir trabalho, socialmente útil, para todos as pessoas na sociedade? Temos muitas necessidades a serem supridas para termos uma sociedade melhor, o que pode ser um fator de criação de ocupações. E o dinheiro? Estamos na sociedade da abundância, uma capacidade de geração de riqueza até agora desconhecida na história da humanidade, mas ela está sendo concentrada nas mãos de poucos. O Estado tem condições de gerar gastos e financiá-los para conseguir ativar a economia, pois, com o crescimento, os recursos investidos voltam, como está propondo no momento o presidente Joe Biden nos Estados Unidos.

Por que não criar um amplo programa para dar ocupação aos jovens que estão se formando nas nossas universidades? É um investimento que dará retorno econômico e social em futuro muito próximo. Para isto é fundamental mudar o pensamento hegemônico atual, começar a tributar os mais ricos, ter um novo projeto de desenvolvimento social e ecologicamente sustentável.

Assim como é fundamental recolocar a necessidade de repartir os trabalhos úteis, por meio de uma redução da jornada de trabalho, de combater todas as formas de discriminação e de valorizar quem trabalha, especialmente os que estão em atividades consideradas essenciais. Isso somente é possível com o reconhecimento de que precisamos ter ação coletiva, o que requer respeitar e fortalecer os nossos sindicatos. Democracia e justiça social somente são viáveis com a existência de organizações fortes de representação dos trabalhadores.

Vamos honrar os nossos antepassados que deram a vida na luta por direitos, melhores condições de trabalho e uma sociedade mais justa. Vamos recuperar a história de que a forma de organizar a produção de bens e o trabalho depende das ações humanas e é possível, pelos avanços tecnológicos e de acumulação de riqueza, ter trabalhos dignos para todos, em que cada um trabalhe para viver e não somente viva para trabalhar, ou seja, trabalhe menos horas e possa viver todas as dimensões da existência.

José Dari Krein, professor, pesquisador e diretor do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), do Instituto de Economia da Unicamp



Fonte: Seeb Guaratinguetá
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