- Boa noite - Sexta-Feira, 03 de maio de 2024                Busque:
Notícias
24/07/2023 - 09:02:47
ITAÚ ‘DESCARTOU’ IDOSOS E ADOECIDOS EM PROGRAMA DE DEMISSÃO, DIZ FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO

Profissionais em licença médica foram pressionados a pedir demissão, segundo operação inédita do Ministério do Trabalho e Emprego.

Para auditores, política de contratação do banco também apresenta problemas, como empregar mulheres e negros em cargos inferiores e com salários mais baixos.

Maior instituição financeira do país, o Itaú Unibanco teria usado um programa de desligamento voluntário (PDV) como “política de descarte” de funcionários idosos e adoecidos, segundo operação realizada ao longo de um ano e meio por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A fiscalização afirma também que a política de contratação do banco levou “à redução da igualdade de oportunidade no trabalho e de tratamento no emprego” para mulheres e negros. Segundo os auditores, isso prejudicou a ascensão profissional desses grupos, admitidos na empresa em cargos com salários mais baixos.

O relatório de 70 páginas da investigação, ao qual a Repórter Brasil teve acesso, aponta 18 autos de infração por infrações trabalhistas diversas. O Itaú é a primeira empresa fiscalizada por um grupo especial de auditores fiscais do MTE criado para o combate à discriminação e ao assédio.

A operação partiu do cruzamento de dados de bases oficiais do governo, como o eSocial, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), com informações de 132 mil empregados diretos do banco. Além disso, foram vistoriadas 53 agências em quatro estados – Bahia, Minas Gerais, Paraíba e Pernambuco – e entrevistados 300 trabalhadores.

 

De acordo com os auditores fiscais, os requisitos do programa de desligamento voluntário criado pelo Itaú no início de 2022 teriam sido desenhados para estimular a saída de funcionários de idade avançada e, principalmente, de empregados com problemas de saúde — em alguns casos, relacionados a doenças ocupacionais.

Dos 1.501 funcionários que aderiram ao PDV no ano passado, 85% estavam afastados há pelo menos 30 dias por motivo de doença ou acidente, ou se encontravam em estabilidade provisória após tratamento médico. Somados aos idosos, eles totalizavam 93,9% do público inscrito no programa.

O relatório sustenta que trabalhadores com esses perfis, e que não se inscreveram no PDV, foram “assediados” com e-mails e mensagens de SMS para entrar no programa.


Constrangimentos e “metas absurdas”

Durante as inspeções nas agências, os auditores do Ministério do Trabalho também relataram a existência de murais para expor dados sobre produtividade dos funcionários do Itaú. A prática é proibida pela convenção coletiva firmada entre o sindicato da categoria e o banco.

O relatório destaca ainda “constrangimentos” enfrentados pelos funcionários da empresa, “para que sejam alcançados determinados objetivos empresariais ou institucionais”. Um exemplo é a necessidade de ofertar produtos não adequados aos clientes, apenas para bater metas.

“A gente brinca que ninguém aqui vai pro céu. Imagina oferecer um crédito consignado para alguém que já está com boa parte de sua renda comprometida com pagamento de dívidas”, disse um dos funcionários em depoimento aos auditores fiscais.

Na avaliação da presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Neiva Ribeiro, os episódios de adoecimento se devem à cobrança de metas que ela classifica como “absurdas”. Para ela, não há motivo para “pressão tão grande”, nem para demissões, em razão do elevado lucro da companhia — R$ 20,7 bilhões, em 2022.



Fonte: Repórter Brasil
Sindicato dos Bancários de Guaratinguetá e Região 2024 - Todos os direitos reservados ®
SEDE: Rua Vigário Martiniano, 91 - Centro - Guaratinguetá (SP) | SUBSEDE: Rua Engenheiro Antônio Penido, 814 Sala 24 - Centro - Cruzeiro (SP)
Desenvolvimento: