O ADOECIMENTO DA CATEGORIA BANCÁRIA EM 2025
Enquanto cortam empregos, fecham agências e adoecem
bancários, bancos privados já lucraram mais de R$ 64 bi
Nos primeiros nove meses de 2025, três dos maiores bancos
privados do país – Itaú, Santander e Bradesco – já lucraram juntos R$ 64,178
bilhões, crescimento de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Por outro lado, estes mesmos bancos, extinguiram 9.099
postos de trabalho bancário em 12 meses, considerando a variação entre o
terceiro trimestre de 2025 e o mesmo período de 2024, e fecharam 1.168 agências
no mesmo intervalo analisado.
Além disso, o número de clientes do Santander cresceu em
cerca de 4 milhões em 12 meses; no Itaú o número de clientes cresceu em 1,079
milhão no mesmo período, e, no Bradesco, em 1,1 milhão.
“Esta conta não fecha. Enquanto os bancos fecham unidades e
cortam postos de trabalho, o número de clientes cresce exponencialmente. O
resultado disso se traduz no atendimento precarizado à população e, sobretudo,
em metas abusivas, mais pressão e sobrecarga de trabalho para os bancários,
acarretando na evidente epidemia de adoecimento na categoria, especialmente por
questões relacionadas com a saúde mental”
Adoecimento
De acordo com dados apurados pelo jornalista Carlos Juliano
Barros, publicados na sua coluna no Portal Uol, os bancários dominam o “top 5”
das atividades profissionais com mais pedidos de afastamentos por saúde mental
reconhecidos como doença ocupacional (B91), ocupando duas posições: motorista
de ônibus, gerente de banco, escriturário de banco, técnico de enfermagem e
vigilante.
Entre as cinco atividades profissionais com maior número de
afastamentos por questões de saúde mental, os gerentes de bancos são os que
apresentam maior percentual de afastamentos reconhecidos como doenças
ocupacionais (B91) em relação ao total de afastamentos. Do total de 13.077
profissionais que pararam de trabalhar para cuidar da saúde mental, 37,76%
tiveram benefícios enquadrados como decorrentes da sua atividade.
O adoecimento da categoria bancária também fica evidente
quando analisado o fato da mesma representar apenas 0,8% do emprego formal no
país, mas ter sido responsável por 2,18% dos 168,7 mil afastamentos
acidentários (B91) registrados em 2024.
Em 2024, os bancos múltiplos com carteira comercial ocuparam
a 1ª posição entre os afastamentos acidentários por saúde mental, por atividade
econômica, com 1.946 afastamentos e a 5ª posição entre os afastamentos
previdenciários, com 8.345 ocorrências.
Questões relacionadas com a saúde mental foram as principais
causas de afastamento de bancários em 2024: 55,9% dos benefícios acidentários
(B91) e 51,8% dos benefícios previdenciários.
"Os dados revelam uma epidemia silenciosa, causada por
um ambiente de trabalho extremamente adoecedor, que mantém uma pressão absurda
por metas, cada vez mais abusivas, para aumentar os lucros bilionários dos
bancos. Enquanto acionistas comemoram os balanços dos bancos, os bancários,
organizados no Sindicato, exigem menos metas e mais saúde”.
